A névoa melancólica e reflexiva que paira sobre os poemas da escritora portuguesa Renata Correia Botelho merece ser contemplada. Em pouco mais de 40 páginas, uma voz, tão incisiva quanto lírica, aproxima o/a leitor/a de questões como a morte, a ausência e seus contrários. Se, como diz um dos textos, "o poema só se forma // no fio da navalha", temos aqui a oportunidade de divisar o abismo, sentindo mais que pensando, às vezes. Dos recursos que a poeta mobiliza a fim de obter seus poemas talvez o mais marcante seja a metáfora, uma mescla de sentidos às vezes improváveis, mas que funcionam na propulsão das sensações que sua breve poesia traz. A pinçar alguns versos, à página 16, eles propõem o sentipensar de que um dos Pessoa já tratava: "o coração que me deixaste // é uma casa difícil de habitar". Poemas também são difíceis de habitar. Talvez não sejam mesmo moradas, como as entendemos. (...) A poeta apresenta aqui uma coletânea de canções tristes, mas persistentes e pertinentes. "Vêm dizer-nos da aridez / do poema", árido em grãos, poemas sem títulos, breves como socos curtos, secos, mas cheios de eco. O que ocorre a um circo no nevoeiro? Que força tem essa imagem? O/a leitor/a a encontrará entre os versos, no contexto, e nem diremos a página? Um dos poemas alerta: "vai pesar", coisa que todo/a leitor/a pode fazer o favor de ignorar. - Ana Elisa Ribeiro
- Cor: Não informado
- Largura: 18
- Marca: MOINHOS EDITORA
- Medida2: Não informado
- Peso: 71
- ISBN: 9786550260507
- Gênero: Não informado
- Formato: Não informado
- Ano: 2019
- Edição: Não informado
- Origem: Não informado
- Encardernação/Acabamento: Brochura
- Idioma: Não informado
- Pais: Não informado