Num texto enviado para a Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro e postumamente recolhido no volume Ecos de Paris, Eça de Queirós desenvolve uma curiosa digressão acerca do termo e do conceito de entrevista. O vocábulo (melhor: o verbo) que então se ia impondo era um anglicismo de evidente mau gosto: "Este vocábulo interviewar", escreve Eça, "é horrendo, e tem uma fisionomia tão grosseira, e tão intrusivamente yankee, como o deselegante abuso que exprime." Em vez deste, o grande escritor prefere o termo que hoje trivialmente utilizamos e explica o seu sentido metafórico: "O verbo entrevistar, forjado com o nosso substantivo entrevista, seria mais tolerável, de um tom mais suave e polido. Entrevista de resto é um antigo termo português, um termo técnico de alfaiate, que significa aquele bocado de estofo muito vistoso, ordinariamente escarlate ou amarelo, que surdia por entre os abertos nos velhos gibões golpeados dos séculos XVI e XVII". E quase a terminar a digressão, Eça rende-se ao neologismo, sublinhando nele a feição de "um acto em que as opiniões tufam, rebentam para fora, por entre as fendas da natural reserva, em cores efusivas e berrantes."
- Cor: Não informado
- Largura: 24
- Marca: ALMEDINA
- Medida2: Não informado
- Peso: 985
- ISBN: 9789724035314
- Gênero: Não informado
- Formato: Não informado
- Ano: 2008
- Edição: Não informado
- Origem: Não informado
- Encardernação/Acabamento: Brochura
- Idioma: Não informado
- Pais: Não informado