Menos de duzentos anos após o surgimento do primeiro grande romance moderno ? o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes ?, esse gênero literário ganharia um poderoso recurso: o roman à clef.
Nascido nos salões literários franceses, ele consistia na introdução nas novelas de um personagem ficcional com características tomadas por empréstimo de alguém da sociedade, normalmente para expô-lo de forma satírica. O recurso foi logo ?aprovado? e romances inteiros passaram a usar e abusar dele, por vezes com o próprio autor se integrando na trama.
Na literatura do Brasil, essa forma de escrita é rara, e, por isso mesmo, é importante realçarmos sua utilização nesta obra de José Carlos Mello. Seu livro exemplifica o chamado paradoxo brasileiro: o ficcionista que tenta descrever o fantástico, mas que acaba retratando o cotidiano do país, no qual as criações mais absurdas perdem para a narrativa seca e objetiva da realidade.
Na trama, em um primeiro momento, o narrador é o escriba ao qual encomendam um livro. Mais adiante, ele passa a ser um outro personagem, companheiro de uma aventura surreal, emérito romancista laureado com o Nobel, que se compraz em narrar o epílogo do livro.
Texto erudito, porém, de fácil leitura, seus personagens parecem sair do noticiário diário, das colunas sociais e de política, sempre a caminho das policiais. Como, aliás, foi o que ocorreu com a maior parte deles.
O fino humor de Mello jamais deixa passar a menor oportunidade de apontar o absurdo da vida política nacional. Neste livro, sua prosa está mais deleitável e fluida do que nunca. Aproveitem.
- Cor: Não informado
- Largura: 21
- Marca: OCTAVO
- Medida2: Não informado
- Peso: 414
- ISBN: 9786586690149
- Gênero: Não informado
- Formato: Não informado
- Ano: 2022
- Edição: Não informado
- Origem: Não informado
- Encardernação/Acabamento: Brochura
- Idioma: Não informado
- Pais: Não informado